LIVRO 1: INICIACIONES MARÍTIMAS
PARTE PRIMEIRA:
EXPERIÊNCIAS ORIENTAIS
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1- O PAI
Orfeo, contando a Donón:
-Aquela manhã minha mãe, Kalíope "a
da bela voz", Sacerdotisa-Musa de Apolo e esposa do rei Eagro de Tracia,
tinha-me saudado com um beijo tão terno que me pareceu que talvez ainda estava
vendo em mim a mesma cara alegre, sonhadora e um tanto ingênua que eu tinha de
menino, ainda que acabava de cumprir vinte e três anos e não deveria demorar em
tomar esposa. Ademais, já tocava a lira e a flauta melhor que ela e quase
declamaba, improvisava e cantava tão bem como ela... Lástima que também minha
querida professora começava a pensar que essas atividades me tinham feito
descuidar minha formação em outras, bem mais sérias, nas que um príncipe que ia
pára futuro rei de Tracia, teria que estar melhor preparado.- -Anda Orfeo
passa, teu pai está-te esperando, tem muita paciência com ele, faz favor.-
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-Tenho aqui dois relatórios -disse o rei
Eagro, olhando-o muito seriamente com seus olhos de águia luchadora-. Um diz
que faz num mês que não assistes a tuas práticas de gobernación. Outro, de teu
comandante, que faz em outro mês que pediste a baixa em tua falange, por causa
de uma queda, e que ainda não te tens reincorporado, apesar de que sabe que já
andavas perfeitamente por aí aos quinze dias. Que tens para dizer?- -Pois que é
verdade, Majestade, que tenho estado preparando um projeto que me interessava
mais durante estas últimas três ou quatro semanas. -respondeu Orfeo.- -E daí
projeto pode-te interessar mais que tua preparação como príncipe herdeiro??
disse o monarca severamente- Não será outro grande recital poético cantado, em
companhia de teus amigos e de um coro de danzarinas?- -Não pai, nada que ver
com poesia: peço tua permissão para enrolarme numa expedição guerreira.- O rei
Eagro surpreendeu-se gratamente e até sentiu verdadeiro orgulho de seu filho
¡¡Deuses, ao final tudo chega!! Queria isso dizer que a etapa poética, junto
com as inquietudes iniciais, de clara influência materna, iam ficar por fim
atrás e que agora Orfeo se interessava pelas façanhas guerreiras, como
correspondia a sua idade...? Isso seria realmente um grande progresso. -E daí
expedição é essa? -perguntou, pondo a amável cara de ?filhos, vosso pai
quer-vos?. -Jasón de Yolkos, que foi instruído, como eu, pelo centauro Quirón
no monte Pelión ?explicou Orfeo-, está preparando um periplo à Cólquide numa
galera de guerra que construiu e mandou heraldos convidando a que se lhe unam
os melhores príncipes e campeões... E não há nenhum nobre tracio entre eles.
Assim que eu me estive informando para ver se poderia participar.- -À
Cólquide...? ¡Mas se isso está longe demais, ao outro lado do Mar
Negro!-assombrou-se outra vez seu pai- ?E daí se pretenderia com uma expedição
como essa?- -Reclamar-lhe o Vellocino de Ouro ao rei desse país e regressar com
ele para o devolver ao santuário de Zeus Lafistio de onde saiu.- -E para que?´-
-Essa é a condição que seu tio Pelias lhe pôs a Jasón para lhe ceder seu
direito ao trono de Ptía.- -O Vellocino de Ouro? -espantou-se mais ainda o rei
Eagro- ¡Se isso não é mais que um antigo símbolo dos povos pastores! ¡Uma pele
velha de um carnero que estranhamente lhes nasceu rubio aos primeiros arios do
Ásia Longínqua! Na cada guerra perdem-se e ganham-se cem emblemas como esse...
Pára que o quer agora Pelias, esse aqueo usurpador? ...Não pode ser para coisa
boa, vindo dele.- -É que Pelias encontrou por acaso a Jasón quando ainda seu
sobrinho não lhe conhecia e lhe contou que essa pele é uma reliquia sagrada e
uma qüestão de honra para a família real de Ptía. Segundo a lenda, o Carnero de
Ouro foi enviado por Hermes para que salvasse a Hele e a Frixo, primos de
Jasón, que iam ser sacrificados injustamente, e lhos levou até a Cólquide
voando sobre seu lombo, ainda que Hele se caiu ao mar e se afogou pelo
caminho.- -Bobadas ?disse o rei, tajante- nenhuma pele de carnero voa. Dei,
mais bem que esses dois irmãos fugiram do sacrifício num barco, se levando com
eles aquela reliquia, para fingir um milagre ante os simples.- -?Frixo teve
melhor sorte- continuou o príncipe sem amedrantarse, porque conhecia a seu
pai-: casaram-no com uma filha do rei da Cólquide, Eetes e viveu ainda
bastantees anos, mas, após morrer, os colquídeos penduraram seu cadáver numa árvore
envolvida numa pele de boi, para que lho comessem os buitres, como é seu
costume. E o Vellocino de Ouro, a pele do carnero salvador de um membro da
família real, converteu-se para eles num símbolo nacional. Pelias disse a Jasón
que o espírito de Frixo não podia descansar em paz, nem sequer entrar no Hades,
o Reino dos Mortos, e que se lhe apareceu em sonhos, lhe rogando que fizesse
que seus ossos fossem enterrados dignamente, segundo os rituales de Grécia, e
que restituísse a pele do carnero ao lugar sagrado de onde procedia.- -... Mais
tarde Pelias ?seguiu contando Orfeo- perguntou-lhe a Jasón que faria ele, sendo
rei de Ptía, ?se se inteirasse que alguém queria seu trono?, e a Jasón se lhe
ocorreu responder que ele mandaria a esse pretendiente à Cólquide a enterrar a
Frixo e a trazer o Vellocino de Ouro de volta, para demonstrar com essa façanha
que se merecia reinar... De maneira que, quando o mesmo Jasón foi por fim a
Yolkos a reclamar o trono de seu pai, descobrindo, com absoluta surpresa, que o
homem com o que tinha conversado era o mesmo usurpador, Pelias voltou essas
mesmas palavras contra seu sobrinho, quem ficou comprometido por elas... No
entanto, dizem que o que em realidade suspeita ele, é que essa pele é um
símbolo ou talismán mágico de grande poder, e que por isso aceitou o desafio de
seu tio.- -Está claro que teu amigo Jasón se deixou enredar por esse zorro e
estou seguro de que o repto de seu tio é só uma armadilha mortal ou um
laberinto para que se perca ele e quem se embarquem com ele... ?insistiu o rei
franzindo o cenho- ...E daí crê Jasón que significa esse suposto símbolo
mágico?- -Pois uma luz, um conhecimento que os pioneiros desta nova era nossa
devem ir buscar ao Oriente, ao país do Nascimento do Sol, onde descansam de
noite os cavalos e a Carroça Solar de Febo Apolo? ao Cáucaso, essa cordillera
de onde vieram nossa estirpe e a dos gregos... e talvez esse conhecimento se
derive da experiência da própria aventura de ir a por o Vellocino.- -Bah, bah,
bah, todo isso me soa a puro esoterismo juvenil, a poesia, ou pior, a
propaganda, a engano, Orfeo, a um jogo de fascinio de Jasón, ou de quem lhe
guie, para captar para seu insensata empresa jovens aspirantes a heróis que
ainda tenham mentalidade de adolescente... Esse tipo de aventuras são mais
próprias de um soldado de fortuna que de um príncipe real ...Me explicarás que
é o que tu, pessoalmente, irias ganhar, se te marchasses à Cólquide? Que
esperas conseguir para teu próprio proveito?- -Eu só busco crescer, pai, me
desenvolver, sair do conhecido; descobrir coisas novas junto a gente de minha
idade a quem aprecio, andar mundo, abrir-me à vida e viver sua aventura, as que
ela tenha para mim. Desejo conseguir... experiência, conhecimento... e saber
quem sou e do que sou capaz.- -Num dia reinarás, e saberás quem és e do que és
capaz, meu filho.-disse o rei, quase com ternura-. Experiência vais começá-la a
conseguir neste mesmo palácio, com os cargos públicos aos que penso te destinar
no próximo ano... ainda que o conhecimento terás que o receber dantes de teus
professores, continuando com tuas classes práticas de gobernación e de
administração, assistindo às assembléias, me consultando a mim... E todo isso,
sem descuidar tua formação militar, que te servirá para atingir glória e te
manter no poder, quando chegue a ocasião. É fundamental que um futuro rei seja
conhecido e querido por seus guerreiros como parceiro de armas.- -¡Pai,
durmo-me nas classes de gobernación! ¡E mais me respeitarão os guerreiros
tracios se consigo voltar com o Vellocino de Ouro, que se sigo mais dois anos
fazendo a instrução com eles nos acampamentos!- -¡Tu és um inconstante e um
iluso, Orfeo! ?gritou o rei Eagro perdendo a paciência- ¡Isso de que te vais
conquistar o Vellocino de Ouro à Cólquide é como se me dizes que vais
conquistar a Lua ou a baixar aos Infernos! ¡Mais bobadas!... O único que
pretendeu o velho zorro de Pelias com essa condição foi convencer a Jasón para
se marchar ao fim do mundo e que não volte mais. Lhe seria menos trabajoso a
teu amigo fazer um pouco de diplomacia entre os reis vizinhos e seguro que
encontraria aliados com algum interesse por lhe ajudar a lutar pela
legitimidade de seu direito ao trono.- -Mas é que se trata de uma expedição
muito interessante, pai, recordamos muito pouco sobre que é o que há no lado
oriental do Mar Negro, não temos relações com os reis ou chefes desses povos,
só os troyanos as têm. Deveríamos contatar as rotas do comércio oriental que
possam chegar até ali. E nós, os tracios, com mais razão que os gregos
peninsulares, já que nossas fronteiras se assomam a esse mar e temos direito ao
navegar? Ademais há aquela história de que o Sur do Cáucaso foi o berço de
nossos antepassados e dos dos troyanos, enquanto a nossos primos gregos foi em
seu lado Norte. Num dia pode converter-se em nossa zona principal de
influência.- -Esse passado legendario do Cáucaso está bem longe no passado,
filho, e não há nada que nos interesse, hoje por hoje, nesse país remoto e
embrujado de bárbaros cimerios e escitas nómadas, de amazonas sanguinarias, de
tribos selvagens completamente intratables... E os colquídeos não são muito
melhores, Orfeo, apesar de que seu rei é um grego e não um bárbaro. Os
viajantes contam que Eetes permitia a sua esposa tauria oferecer sacrifícios
humanos a Hécate, a antiga Deusa da Morte... até assegura-se que as filhas do
rei são feiticeiras, magas negras. Estão demasiado atrasados, faz-me caso. Como
o estávamos nós dantes de nos abrir à influência da civilização pelasga do Mar
Egeo.- -...Ademais, nosso futuro não está para nada no Norte nem no Oriente,
esses espaços frios, nubosos e encerrados entre cordilleras, dos que procedemos
-prosseguiu o rei-, senão no rico e luminoso Sur, que é a plataforma naval de
expansão, através do Mediterráneo, para o mundo tudo: Lidia, Caria, Licia, as
ilhas que têm enfrente; olha o bem que lhes vai aos fenicios... e para isso nos
convém mais a aliança com Troya, inclusive uma reunificación, já que no passado
eles e os tracios chegamos juntos ao Egeo desde a Anatolia, que com esses
gregos falsarios e ambiciosos, de quem mais vale precaverse... fixa-te como
esses rústicos saídos das montanhas se apoderaram do império marítimo das
sacerdotisas de Creta.- -De rústicos nada, desculpa, pai: os jonios, ao menos,
são bons marinhos. E em quanto ao resto dos gregos em general, se continuam
demonstrando tanto sentido da oportunidade, ousadia e força como até agora, eu
acho que é melhor se fazer seu amigo, inclusive um com eles, que andar tratando
de precaverse do inevitável... E Jasón informou-se bem, to asseguro, o
Vellocino existe, os colquídeos o guardam num bosque sagrado, custodiado por
touros selvagens e até por um dragão. Trazê-lo é uma qüestão de prestígio, um
repto... unir-se a eles nesta aventura, servirá para que comecem a considerar a
Tracia, não como um território bárbaro do norte apropriado para colonizar,
senão como uma digna parte da Grande Grécia.- -¡Um dragão! -o rei tocou-se a
cabeça- ¡Os dragões não existem mais que nas lendas, Orfeo!... Jasón vai
totalmente enganado por trás de um mito, filho, nada tangible, nada que
interesse Que prestígio nos vai dar a conquista de uma pele de carnero
velha?... Educamos-vos contando-vos mitos, porque os mitos são metáforas que
servem para que depois compreendais o sistema com que regemos o mundo por analogia,
suas hierarquias, suas leis e seus valores... E é normal que um camponês
ignorante tome suas decisões e guie sua vida confiando nos mitos que aprendeu,
já que não tem melhor instrução ?prosseguiu Eagro dando uma volta completa ao
redor da sala-, mas para um homem culto, mais, para um como tu, que nasceu na
cúpula do sistema mesmo, os mitos são só referências, contos, e um filho da
hierarquia real se guia pela razão, por aquilo que planeja previamente após se
documentar e se aconselhar e pelo que analisa que mais convém fazer na cada
momento para cumprir seu plano de vida, para se realizar na cada momento. Tomar
mitos por realidades e marchar depois deles cegamente é inmadurez,
infantilidad... a tua idade e com todo o que te formamos, perdoa que to diga,
loucura.- -Pai -insistiu Orfeo-, vários dos antigos colegas que tive na Escola
de Quirón vão, além de Jasón e outros grandes campeões: Cástor e Pólux de
Esparta, os minias Idas e Linceo, o grande Anceo de Tegeda, Ascáfalo de
Orcómeno, Eufemo de Tenaro, o sábio heraldo Equión; o príncipe Brigo de Egina;
o príncipe de Calidón, Meleagro; o arqueiro Falero, da casa real de Atenas... e
até jovens reis: Augías de Élide, Admeto de Feras... São loucos? Ilusos? ¡São
melhore-los filhos dos gregos!... ¡Eu quero ir também, pai! Tracia não se vai
ficar sem mandar a alguém de bom berço a esta gesta, ainda que só seja para se
assegurar uma informação, prestígio, relações que nos facilitem uma maior
presença na abertura de novas vias de comércio com Ásia... Conta-se que nessa
zona há muitos cereais e lana, e ademais ouro, cobre, gemas preciosas...
-Sei-o, sei-o, já o sei de sobra ?cortou o rei-. Achas que não mandei faz muito
a meus conselheiros que elaborassem um relatório objetivo sobre o tema? Segundo
eles, não nos resulta rentable ainda o comércio direto com essas terras tão
longínquas, nem política, nem econômica, nem estrategicamente. Por agora, nos
basta com preservar o passo livre pelos estreitos... e isso já nos está
custando muito ouro e diplomacia e -acrescentou, em tom conciliador-, talvez em
algum dia, lhe interessará a Cólquide, junto com toda a orla sul do Mar Negro,
incluída a Armenia, aos conselheiros de teu neto... Se dantes conseguíssemos
formalizar uma cordial aliança com o rei dos troyanos, que está no médio. Posso
pedir-lhe a uma de suas filhas para casar-se contigo...- -Pai, faz favor ?disse
Orfeo alçando a voz- ¡Por aí sim que não passo! ¡Eu já estou comprometido e bem
comprometido com Eurídice, a mulher que amo!... e em quanto à Cólquide, permite-me
dizer-te que o que lhes parece longínquo h -Lo sé, lo sé, ya lo sé de sobra
–cortó el rey-. ¿Crees que no mandé hace mucho a mis
consejeros que elaboraran un informe objetivo sobre el tema? Según ellos, no
nos resulta rentable todavía el comercio directo con esas tierras tan lejanas,
ni política, ni económica, ni estratégicamente. Por ahora, nos basta con
preservar el paso libre por los estrechos... y eso ya nos está costando mucho
oro y diplomacia y -añadió, en tono conciliador-, tal vez algún día, le interesará
la Cólquide, junto con toda la orilla sur del Mar Negro, incluida la Armenia, a
los consejeros de tu nieto... Si antes lográsemos formalizar una cordial
alianza con el rey de los troyanos, que está en el medio. Puedo pedirle a una
de sus hijas para casarse contigo...
-Padre, por favor –dijo Orfeo alzando la
voz- ¡Por ahí sí que no paso! ¡Yo ya estoy comprometido y bien comprometido con
Eurídice, la mujer que amo!... y en cuanto a la Cólquide, permíteme decirte que
lo que les parece lejano hoy a tus asesores, nos parecerá cercano en cuanto los
griegos comiencen a colonizarlo. Y eso vendrá tras esta expedición, seguro; son
rápidos en ampliar sus posibles mercados. El mundo se le queda pequeño a las
nuevas galeras de vela con treinta remeros o más. Te impresionaría la que ha
sido capaz de construir Argo para Jasón.
-No les va a ser así de fácil, con
Laomedonte de Troya controlando los estrechos y todo el comercio asiático. Y
además, por muy rápida que sea esa nave, podrías demorar años en volver. O no
volver... ¡Y ya hemos hablado antes de tus egoístas compromisos sentimentales!
Un príncipe puede hacer lo que le plazca en privado, para eso es un príncipe.
Puede tener todas las amantes que quiera, siempre siendo discreto. Pero a la
hora de casarse, ha que pensar sólo en lo que es conveniente para su país. ¡No
me hables más de matrimonio con Eurídice! Un matrimonio tuyo es una oportunidad
de alianza con otro estado para Tracia, no una cuestión de amor –remató el rey
con toda autoridad, a modo de conclusión.
-Me casaré con Eurídice cuando vuelva del
Cáucaso y tendremos hijos que serán hijos del amor –dijo sencillamente Orfeo.
El rey Eagro, viendo la cara de inaccesible empecinamiento de su hijo, y con el
tono de quien tiene que tomar una dura decisión que ya durante mucho tiempo ha
sido pensada, contestó bruscamente:
-Si te empeñas en anteponer los egoístas
intereses de tu personalidad a tus deberes de príncipe real y te enrolas en esa
loca expedición en lugar de atenderlos, no creas que vamos a esperar por ti,
Orfeo. Ésta es una monarquía seria. O haces lo que debes, o nombraré a tu
siguiente hermano príncipe heredero y lo prepararé para las tareas de gobierno,
que es en lo que tú deberías estar ocupado ahora, y no en tantas músicas y en tantos
sueños.
-Harás muy bien en nombrarlo. Se parece a
ti mucho más que yo, padre; seguro que dará un serio y eficiente rey.
-Hijo... ¿Te das cuenta de lo que estás
diciendo? ¿Quieres echar tu futuro por la borda?
-Me doy cuenta, sí padre, pero eso de lo
que hablas no es mi futuro, sino “tu plan de futuro”. Y tienes más hijos para
realizarlo, afortunadamente. No sólo a mí, el loco... Mi futuro tengo que
elegirlo yo mismo. Y estoy eligiéndolo ahora.
-¿Y qué es lo que eliges? –dijo Eagro, con
tono de desafío.
-Elijo vivir de otra manera. Renuncio en
mi hermano a mis derechos a la corona – dijo con suave firmeza mirándole a los
ojos. Orfeo nunca se había sentido más lúcido ni más tranquilo.
-¿No le disputarás luego a tu hermano su
derecho al trono? –preguntó incisivamente el rey. Estaba claro que le complacía
la renuncia, pero quería asegurarse y quedar bien.
-Te juro que apoyaré cualquier plan de
futuro para el país que diseñéis tú y él, padre; sé que será lo mejor para
Tracia. Nunca le disputaré el trono a mi hermano, te lo juro. Yo no sería un
buen rey, soy muy poco estable, demasiado móvil. Apuesto a que él sí lo será
–dijo con naturalidad.
-Te advierto que tu hermano va a seguir la
misma política que yo: en lo exterior sostendrá la alianza con Troya y no con
los griegos y en lo interior seguirá favoreciendo el culto del dios Dionisio,
que fue quien le hizo ganar el trono de Tracia a tu abuelo Cárope, mi padre,
frente a su rival, Licurgo, un devoto de Apolo. Debemos ser agradecidos.
-Padre, respeto muchísimo a Dionisio y
tengo claro que apoyar su culto hace que el pueblo te apoye, pero no olvides
que mi madre es una sacerdotisa de Apolo.
- Pues a pesar de que yo mismo te he
iniciado en los misterios de Dionisio desde niño, tú pareces mostrar mucho más
interés por el orgulloso dios de la Luz de los griegos.
-Yo tenía que conciliar a esos dos
dioses, paterno y materno, en mi cabeza y en mi corazón: por eso me fui a
Egipto... Esperaba encontrar allí el origen común de ambos.
-Creo que has vuelto mucho más griego que
egipcio, Orfeo.
-Sólo por fuera padre... siento,
realmente, que si algún día tendremos una civilización mundial, se la deberemos
a los griegos, que tienen el genio de encontrar el punto de síntesis razonable
y actual entre todas las culturas que les rodean; eso es el espíritu de Hermes
y por eso me interesan... pero Egipto sigue siendo Toth, la fuente original de
todo conocimiento importante.
-Bien, bien, basta de preferencias
religiosas o simpatías culturales, Orfeo. Lo único que yo quiero oír de tí es
la promesa de que, aunque admires a los griegos y a Apolo, no obstaculizarás mi
política ni la de tu hermano a favor de Troya y de Dionisio.
-Podréis contar con eso, padre. Te doy mi
palabra de que seré todo lo neutral y fiel posible, nunca estaré en oposición a
las alianzas de la corona... Y, por favor, contad también conmigo para tender
puentes de comprensión entre Apolo y Dionisio.
-Siendo así... –suspiró el soberano- elige
el futuro que tú mismo desees, Orfeo, y que todos los dioses te bendigan. Pero
recuerda bien que, para no ofender a nuestros aliados asiáticos, no irás como
representante oficial y príncipe de Tracia en esa expedición, sino a título particular...
a menos que volváis triunfantes –Eagro puso la cara que solía para decir “así
es la política”.
…………………………………………………………………
Yo
tenía bien claras, ahora, las verdaderas razones de las resistencias de mi
progenitor: su política para el futuro de Tracia se encontraba en un delicado
equilibrio entre los agresivos y expansionistas griegos del sur, a los que no
convenía tener como enemigos, frente a sus intereses en el este, que pasaban
por mantenerse en buenas relaciones con la vecina Troya, celosa guardiana del
Mar Negro y de Asia Menor. Establecidas sus puntualizaciones de hombre de
estado, regresó a la amable cara de “hijos, vuestro padre os quiere”:
-Perdona si me calenté antes, que no era
para menos –me dijo para despedirse-... Pero mucho ojo, ándate con cuidado, mi
hijo, naturalmente puedes pedirle a mi administrador cuanto necesites para
equiparte y vuelve siempre a ésta, tu casa, sea cual sea el resultado de tu
aventura.-“
2-
EL FUEGO:
Hubo
un tiempo en que el matriarcado imperaba, no sólo sobre las tribus tracias de
la nación de Orfeo, sino sobre las tribus de la inmensa mayoría de las
naciones. Pero todo cambió completamente el día en que un ama de casa, por
casualidad, inventó la metalurgia, al dejar que se mezclaran ciertos minerales
en el fuego del hogar. Tras el descubrimiento de la fundición del cobre, que
sirvió para crear bonitos adornos y cacharros de cocina, vino la de una serie
de aleaciones combinadas que produjeron el bronce, lo que permitió a las
mujeres construir más resistentes instrumentos de labranza y, enseguida, hizo
posible que los cazadores y guerreros de algunas tribus forjasen armas duras
antes que los de otras. Esa tecnología dio a los primeros en usarla tal
capacidad de imponerse que de ahí surgió la guerra en su moderno concepto y con
ella, el pillaje, la esclavitud y las diferencias de clase, en base a la
ingente riqueza y poder que fueron conquistados de repente. Cuando, por la
fuerza avasalladora de las nuevas armas, los hombres, que tras exterminar a
casi todos los varones de otras tribus, le arrebataban al enemigo de una vez
sus campos de cultivo, sus ganados, sus embarcaciones, sus mujeres y sus hijos,
toda aquella acumulación de bienes conquistados produjo tal excedente económico
en manos de los principales jefes guerreros, que se desequilibró completamente
el viejo sistema social, provocando el surgimiento del patriarcado. La enorme
acumulación repentina de mujeres y de niños enemigos capturados, que ahora eran
esclavos sujetos a la propiedad de los guerreros más fuertes y mejor armados,
produjo una descompensación de poderes y una inversión de valores tan grande,
que llevó a la pérdida de respeto y a la degradación de toda la sociedad
matriarcal y de su comunismo y promiscuidad primitivos... ...Incluidas las
mujeres y las hijas de los vencedores, que perdieron su influencia y su mando
al no poder competir con el gran número de sumisos objetos de placer, mano de
obra gratuita a su servicio y propiedades materiales de los que pudieron
disponer a su antojo, a partir de ese momento, los varones dominantes. Desde
entonces, cambiaron los usos y costumbres: surgió el nuevo derecho de propiedad
patrilineal, sustentado por la violencia, que permitió que los hombres más
fuertes pudiesen poseer y transmitir a sus herederos varones las tierras y
esclavos conquistados, se inventó el matrimonio como fórmula de propiedad sobre
las propias esclavas, hechas ahora concubinas, y sobre los hijos que ellas
tenían con su amo, así como para legitimar la propiedad exclusiva de las tierras
y los bienes de las vencidas. Para no tener que alimentar ni hacer herederos de
su poder y posesiones a hijos de otros, los amos comenzaron a ejercer un
control cada vez mayor sobre la fidelidad exclusiva de sus mujeres, hasta
acabar encerrándolas en el gineceo, cuando se volvían sedentarios. Ya que ahora
disponían de esclavos y esclavas que eran obligados a realizar las duras tareas
exteriores que antiguamente concernían a sus esposas, éstas se fueron haciendo,
en las clases más poderosas, simples objetos suntuarios de exclusivo placer, en
tanto que fuesen deseables o útiles. La represión de la promiscuidad sexual de
las propias esposas e hijas se iba convirtiendo, poco a poco, en el mayor
garante social de la sumisión del antiguo matriarcado, por lo que asegurar la
fidelidad conyugal y la castidad de las jóvenes cuya virginidad podía conseguir
convenientes alianzas matrimoniales para la familia, se volvió una cuestión de
honor para los varones. Cada comunidad desarrolló sus propios sistemas para denigrar,
marginar o castigar al hombre que no vigilaba adecuadamente a las féminas bajo
su mando. Como normalmente el marido era el último en enterarse de las
libertades que se tomaban sus esposas o sus hijas, el primer aviso y llamada al
rigor que le daban los otros varones de la comunidad era salir por la noche a
escondidas para hacer sonar jocosamente cuernos de buey, toro castrado, ante su
casa. El cornudo, ya enterado y por todos conocido, tenía que dar un
escarmiento a las mujeres de la comunidad entera, matando a la suya, o
exiliarse, ya que si no lo hacía, se le rebajaba socialmente hasta niveles
insufribles. Los jefes guerreros aprendieron que serían más poderosos cuantos
más hombres matasen y de más nuevas esposas, esclavos y tierras de cultivo se apoderasen.
A medida que su poder aumentaba, se desplazaban hacia el sur, tratando de
conquistar las tierras más fértiles y soleadas. Su paso lo dejaba todo envuelto
en desolación, ya que no estaban interesados en construir nada, sino sólo en
aprovecharse de lo construido por otros, en tanto que durara. Con todo ésto
surgió el concepto de la escasez de lo necesario para la vida, concepto antes
desconocido, y de la necesidad de competir por lo poco que había. La naturaleza
seguía siendo igual de abundante para todos, pero el hecho de que los más
fuertes acaparasen mucho más de lo que necesitaban y se arrogasen el poder de
distribuir lo que había, provocó que los más débiles tuviesen que someterse a
ellos para poder seguir disponiendo de lo que antes era gratuito. La economía
individualista y feudal sustituyó a la comunitaria, lo importante no era ser
capaz de producir bienes, sino ser capaz de apoderarse de ellos y de
defenderlos de los otros.
…………………………………………………………………………………………….
Como
consecuencia de todo lo contado, entró en decadencia la división de la tribu en
clanes fraternales e igualitarios. Se acabó la distribución generosa y
equitativa de bienes y servicios, hoy por ti, mañana por mí, que fueron
acaparados por quien podía pagarlos. Surgió la primera aristocracia feudal, que
se afianzó cuando gentes muy guerreras, patriarcalistas y solares de la Quinta
Subraza Aria, provenientes del norte del Cáucaso, fueron contornando el Mar
Negro con sus ganados hacia Europa. Después de asomarse al civilizado Tálaso, o
Mar Mediterráneo, aquellos rudos descendientes de Heleno destruyeron el último
imperio matriarcal altamente evolucionado. Se trataba del imperio marítimo de
los pelasgos de Creta, la Talasocracia Minoica, cuyos súbditos eran,
casualmente, primos de los helenos invasores, ya que descendían de arios
lunares de la Cuarta Subraza provenientes del sur del Cáucaso, que se habían
mezclado cordialmente con los supervivientes de la Gran Inundación, cuando
llegaron a las orillas del Mediterráneo. Hasta entonces resultaba impensable
que nadie pudiese siquiera atacar a las ciudades cretenses, que ni murallas
tenían, porque su mejor muralla era su incomparable flota de guerra, que
dominaba el comercio del Tálaso, desde Egipto y Siria hasta el ignoto Océano.
Pero aquellos helenos jonios y eolios, bárbaros rubios y de ojos azules,
pastores de carneros sin la menor experiencia náutica, bajando poco a poco
desde los montañosos Balcanes de Iliria y el Epiro, comenzaron a infiltrarse
como inmigrantes pacíficos o mercenarios en las colonias cretenses de la
península pelásgica, emparejándose con las matriarcas dominantes los más
fuertes de sus jefes, ya por las buenas o por las malas. La gran oportunidad de
aquellos intrusos llegó cuando, un día, un desastre natural de enormes proporciones,
la explosión volcánica de la isla de Tera, barrió con una onda gigante gran
parte del Mediterráneo Oriental y dejó machacado y sin flota al Imperio
Minoico. Enseguida, los helenos se las arreglaron para reunir los barcos y
marineros de los pelasgos aliados o sometidos, embarcar en ellos sus guerreros
jonios y eolios y navegar hasta la propia Creta. Así, asaltaron su augusta
capital, Knossos y sus otras diez ciudades, todas ellas muy debilitadas por el
maremoto, saqueando sus legendarias riquezas y acabando para siempre con el
predominio de una cultura matriarcal sofisticadísima, que había imperado
durante más de tres mil años sobre el mundo pelasgo del Gran Verde oriental y
occidental, incluidas sus rutas de salida al Océano. Teseo de Atenas había
derrotado al Minotauro. No obstante, la civilización de los vencidos era tan
superior, que los conquistadores fueron conquistados por ella. Una generación
después, hasta parecía que el culto de La Diosa Triple comenzaba a renacer,
tras sabias y flexibles adaptaciones que visaban fundir con su alta cultura de
siempre las costumbres patriarcales de los invasores. La asamblea de las
Grandes Sacerdotisas cretenses (la casta que se había ido transmitiendo el
poder, de madres a hijas, durante milenios) comenzó con una astuta maniobra
integradora de los dioses de los jonios y eolios, reconociéndolos como “Hijos
de la Diosa” (Grai-Koi), al tiempo que aceptaban casarse con sus jefes y
compartir con ellos la dirección de sus súbditos en todo el Egeo. A partir de ese
momento, los helenos pasaron a ser llamados griegos. El hijo mortal favorito de
la Antigua Gran Diosa, Dionisio, que en la religión de las sacerdotisas se
hacía inmortal en la dimensión espiritual, tras ser sacrificado su cuerpo al
final de un año como consorte real, adoptando el nombre divino de Zagreu, pasó
a llamarse Dzeus, y luego Zeus, una adaptación pelasga del nombre del dios
principal de los ocupantes, al que ellos llamaban antes Dio o Dious. Hasta le
cambiaron su lugar de nacimiento (que probablemente debía ser alguna bruta
montaña del Cáucaso Norte) para ennoblecerlo, haciéndolo hijo de la refinada
isla de Creta, la antigua capital del matriarcado pelasgo. Sin embargo,
Dio-Zeus, representado por el Jefe de Guerra heleno, no se dejó sacrificar a la
Matriarca Suprema, que representaba a la Diosa, al finalizar el año de su
jefatura, tal como Dionisio hacía antiguamente, para divinizarse en Zagreu. Fue
alargando el plazo a un número mayor de años. Finalmente, asentado su poder,
Dio-Zeus hizo saber muy bien a todos (y, especialmente, a todas), por boca de
sus sacerdotes olímpicos, que le desagradaban mucho los sacrificios humanos,
que se había terminado definitivamente la época de las Amazonas y que
fulminaría con sus rayos a quienes practicaran aquellos cultos ultrapasados.
Una nueva era había comenzado. Los esposos griegos de las sacerdotisas de casi
todo el mundo pelasgo no les permitieron más que siguiesen sacrificando a sus
hijos varones ni que les limitasen a ellos su tiempo de mandato como jefes de
guerra, con lo cual comenzó a crecer una nueva clase dirigente hereditaria que
ya no era exclusivamente femenina.
Pero,
en esto, se descolgó otra vez, desde el norte de los Balcanes, otro alud de
helenos, llamados los Aqueos, que eran mucho más severos e intransigentes en su
patriarcalismo que los anteriores invasores, trayendo una nueva arma, el
hierro, capaz de quebrar las espadas de bronce de un solo golpe bien dado... Y
barrieron toda oposición: les quitaron sus reinos a los jonios y eolios, sus
primos griegos integrados, empezando por Ptía y por Éfyra, trasladaron la corte
de sus dioses patriarcales desde el Cáucaso al Monte Olimpo, en la Tesalia,
abordaron y saquearon Creta de nuevo y comenzaron a barrer la Antigua Religión
y cuanto quedaba de matriarcado insumiso. Sin embargo, como no pudieron evitar
que los vencidos, y especialmente sus propias esposas, continuaran adorando a
la Antigua Diosa Triple Pelasga, la convirtieron en una trinidad de diosas ya
adecuadamente Olímpicas: El aspecto “doncella”, luna creciente, cazadora y
guerrera, de la Gran Diosa, pasó a venerarse como la doncella virginal Artemis,
la Luna, hermana de Apolo, el Sol. El aspecto “mujer núbil, madre o ninfa”,
luna llena, La Señora, La Madre, tomó el nombre de Hera, que pasaba a
representar el papel de diosa del matrimonio. El principal arquetipo de la
Antigua Diosa pre-helénica, ahora despojado de su independencia, era convertido
en la esposa legal (aunque mil veces engañada), del dios de los vencedores,
Zeus, que primero la cortejó sin éxito y después la consiguió, tras violarla.
...Y el aspecto “anciana sabia” de la Diosa Triple pelasga, luna menguante,
pasó a sincretizarse con Démeter, una antigua diosa libia-cretense de los
cereales que llegó, junto con sus Misterios para iniciados, a Eleusis, cerca de
Atenas, la cual fue adoptada como señora olímpica de la Agricultura. La
venerable figura de la Diosa Triple como “Señora del Nacimiento, de la Vida y
de la Muerte”, culto que los caucasianos del sur, adoradores de la Luna, habían
traído antiguamente de Anatolia, fue demonizada por los solares descendientes
de los caucasianos de norte, asignándole la siniestra figura de la Diosa de la
Muerte, Hécate… pero los aqueos llegaron mucho más lejos en su reforma, y la
pusieron a guardar los Infiernos en forma de un monstruoso perro de tres
cabezas, el Cancerbero. Su aspecto de Reina del Mundo de los Muertos pasó a ser
asumido por un dios olímpico hermano de Zeus y Poseidón, el sombrío Hades, lo
que se legitimó explicando los sacerdotes que se había casado con la doncella
Core, la Primavera, hija de Démeter, después de raptarla violentamente. Pasó a
ser llamada ahora Perséfone como Reina de los Infiernos y Proserpina, cuando
autorizada por Hades (por presión de Zeus), a salir a la superficie una vez al
año, para hacer florecer los campos de su madre, a fin de que pudiesen
desarrollarse alimentos en el mundo. Por debajo de la figura de Core, la
maravillosa Primavera, continuaba transparentándose fuertemente, para los
sometidos pelasgos, la augusta presencia de Nuestra Señora, la Antigua Diosa,
en su aspecto femenino más bello, juvenil y benefactor. Los múltiples atributos
de la Madre Universal de los Mil Nombres se escindieron en la creación de
numerosos dioses patriarcales. Cuando las tribus de los griegos empezaron a
vivir en ciudades y desearon una Diosa Doncella más viril y civilizada y menos
agreste, cruel y amazona que Artemis, quien despreciaba a los hombres y odiaba
el matrimonio, se inspiraron en Onga, diosa fenicia de la guerra y la
sabiduría, y entronizaron a Atenea, la de los verdes ojos penetrantes, que
tenía la ventaja de haber nacido directamente de la inteligencia de Zeus, sin
intervención materna alguna. Sin embargo, no hubo manera de patriarcalizar a
una diosa tan poderosa como la del Deseo, la ninfa Marianne o Mariuena, y los
invasores no tuvieron más remedio que adoptar en su Olimpo, haciéndola hija de
Urano, a la antigua diosa siria y cananea de “la armonía que es capaz de surgir
del conflicto de opuestos”, Isthar, Ashtar o Astarté, la estrella matutina
bajada a la Tierra para hacer evolucionar a los hombres por medio del amor,
sólo que retirándole sus atributos guerreros y dándole el nombre griego de
Afrodita, la “nacida de la espuma” en la isla cretense de Citera, a la cual
trataron de sujetar casándola con el cojo Hefesto Vul-Caín, divino herrero de
las fraguas volcánicas de la isla de Lemnos, donde le prestaban sus fuegos
transformadores los Kabiros de Samotracia, los Grandes Dioses de Eras
Anteriores que, desde los tiempos más antiguos, continuaban habitando los
Mundos Intraterrenos.
Pero
Hefesto Vul-Caín, el hábil Señor del Fuego Constructor que moldea las formas,
fue incapaz de evitar que aquella beldad irresistible nacida de la espuma de
las aguas le engañara con Ares, el fiero dios tracio de la pura impulsividad
viril y del Fuego de la Guerra que destruye las formas, uno de los más
primitivos modelos arquetípicos de la Raza Raíz Ariana, y con muchos otros
amantes mortales o inmortales, con lo cual su comportamiento continuaba
proclamando el derecho a la libre espontaneidad del instinto sexual, derecho
que la impuesta monogamia negaba. El mito dice que la noche de bodas de Zeus,
el dios de los invasores, con Hera, la diosa de los invadidos, duró trescientos
años, lo cual debe significar el tiempo que la sociedad patriarcal demoró en
imponer el matrimonio monogámico a la sociedad matriarcal, o sea unas diez
generaciones. Para conseguirlo, hubieron de abandonar arcaicas costumbres de
los caucasianos del norte que se excedían en su patriarcalismo, tan rígidas
como la de no permitir que las viudas volviesen a contraer nuevo matrimonio, lo
que hacía que muchas mujeres helenas se inmolasen voluntariamente en la misma
hoguera en la que era incinerado su esposo. Esa lucha por el poder entre la
vieja cultura matriarcal y el recién llegado patriarcalismo se extendió incluso
más allá del centro del refinado mundo del Egeo, cuyas modas seguían
influenciando a las actuales clases aristocráticas de uno y otro lado del mar y
hacían que algunos desearan parecerse más a los arrojados griegos de la Quinta
Subraza, bien solares, y otros a los refinados y ricos troyanos de la Cuarta,
bien lunares, primos cercanos suyos y sus mayores competidores en Asia Menor,
quienes controlaban los estrechos que comunicaban al Mediterráneo con el Mar
Negro.
3-
LA MADRE
-Ese es un tipo de hombre muy peligroso,
Eurídice -le dijo su madre y principal maestra, la Alta Sacerdotisa Ninfa,
después de escuchar su confidencia-, habiendo tantos chicos lindos y potentes
para elegir, disfrutar una o dos veces y después olvidar, mi niña, te has ido a
enamorar de un mago.
-¿Un mago?
-Sí, un mago. Mago es aquel hombre capaz
de manipular oportunamente los cuatro cuerpos elementales que nos componen, físico,
energético, emoción y pensamientos, tal como domina un carro de cuatro caballos
un buen cochero, de forma que obedezcan por completo y unificados a su voluntad
rectora. Por lo que me cuentas, ese joven tiene un importante dominio sobre su
propia sexualidad. Ese es un tipo de hombre muy difícil de controlar, querida.
-...Pero yo no pretendo controlarlo,
madre... -protestó ella.
-No seas ingenua, Eurídice. En las
relaciones sexuales, o controlas o eres controlada. Un hombre es un espíritu
simple, instintivo, independiente y nómada, con tendencias a lo salvaje, puro
fuego, mucho más próximo al animal que nosotras, sobrado de un tipo de ruda
fuerza que sólo tiende a desbordarse, a cazar, a competir y a tratar de
conquistar y dominar, impulsivo como un toro, rebelde, libérrimo, pasional y
variable. Bien que los conocían las amazonas turanias del Mar Negro. Si no los
controlas, te esclavizan, mira los griegos.
-¿Y qué deberíamos hacer nosotras para
evitarlo?
-Enfrentarnos directamente y competir de
poder a poder con seres tan primarios nos obligaría a convertirnos en ellos, a
endurecernos como se endurecieron las amazonas y a dejar de ser nosotras
mismas, niña mía; muy duro trabajo, muy alienante... realmente no compensa.
Pero desde que el mundo es mundo, las mujeres siempre hemos podido torearlos
agarrándolos bien fuerte por sus dos puntos flacos: lo muy previsibles que son
sus reacciones y sentimientos, tan simples y fáciles de satisfacer como los de
un niño, y su necesidad imperiosa de sexo, que para ellos significa apenas algo
tan elemental como poder penetrarnos, moverse un poco y derramarse. Primero los
dirigimos hacia donde nos interesa por medio de nuestras muy superiores
habilidades de atracción, seducción y relación, sin que parezca que los estamos
dirigiendo, claro, y luego los hacemos enredarse en su propio deseo, dándoles
un poco de largas y estableciendo pactos y compromisos de leal apoyo mutuo,
antes de cederles lo único que les interesa de nosotras. Cuando más enredados
están les permitimos generosamente, y como un premio a su paciencia, a su
dedicación preferente, a su buen servicio y a su delicadeza, que descarguen
dentro de nuestro seno toda su energía... Y ahí agarramos al toro: hombre
enredado, comprometido, halagado y desenergetizado, hombre dominado.
-¿Por qué? –preguntó Eurídice.
-Porque ese momento de vacío, el único en
el que el hombre, satisfechos y disminuidos sus invasores impulsos instintivos,
se detiene, se relaja y se abre pasivamente y agradecido, deseando mucho,
además, que quedes contenta para poder repetir… ese es el momento ideal para
influenciarle, para que te escuche, para ligarle más a ti y a tu empresa
personal, para sembrar una sugerencia civilizada en él, para conquistar al
conquistador, para conseguir que toda esa fuerza potencial dispersa, puro
individualismo en bruto, se canalice y se comprometa al servicio de algo útil:
al servicio de una mujer, que es lo mismo que decir al de una familia, de una
tribu, de una comunidad. Al servicio de la Vida, que es lo mismo que decir de
La Gran Madre.
-Pero si él no se derrama...
-Si él no se derrama, si en lugar de
disolverse se coagula, si su fuego instintivo, en lugar de ser apagado al
fecundar tu agua de ternura, como debe ser, asciende al centro de su voluntad
convertido en controlado aire de inteligencia… entonces no sólo el varón
conserva en sí toda esa fuerza individualista y anárquica, sino que la
acrecienta a costa de la tuya, la que sale de ti cuando tú te vacías de tu
tensión ardiente, cuando tu tierra se vuelve fértil néctar de vida... y vete a
saber para qué usa él todo ese excedente de poder etérico acumulado y cómo
influye en ti cuando tú te quedas vacía y abierta... Los ritos taurinos de la
religión cretense mostraban como la astucia y la habilidad de la mujer puede
dominar el impulso ciego y la fuerza bruta del varón… pero ese toro tuyo,
Eurídice, no es nada toreable.
-¿Por qué no?
- Porque no se entrega del todo, porque
conserva para sí su independencia, porque controla su instintividad... y, a
poco que te descuides, acabará dominándote por donde más fuerte y más flaco lo
tenemos las mujeres: por el sentimiento, que es nuestra espada de doble filo.
-Orfeo jamás ha hecho nada conmigo que
pueda interpretarse como una manipulación de sentimientos –protestó Eurídice
con firmeza-... Y no utiliza toda esa energía acumulada para dominar a nadie,
nació príncipe, no necesita más poder; hasta le sobra... Dice que eleva la
energía al corazón y a la cabeza y que la usa para componer sus músicas
maravillosas... Una vez dijo, exactamente, que con esa energía sublimada
gestaba y paría a los hijos de su creatividad.
-No importa que no intente dominarte, niña
mía, nosotras nos enredamos solas en cuanto no podemos controlar. Yo ya te veo
bien enredada ¡Pobrecita! te pilló un hombre así en tu primera experiencia...
Además de todo ese autodominio suyo, es un príncipe, un artista y con certeza
un iniciado, un hombre acostumbrado a hacer lo que le da la gana y que además
tiene un intenso femenino interno muy creativo, que le permite un juego de
sentimientos mucho más complejo, versátil y sutil que el de la mayoría de los
hombres y que no le dejará sentirse completamente solo nunca... tiene todos los
condicionantes precisos para hacerte sufrir, a menos que te resignes al papel
de segundona... y tú eres una Dríade de clase, además de una chica brillante y
encantadora; tu nombre significa “la que rige ampliamente”, no creo que
pudieras aguantarlo... yo que tú permanecería atenta y sin seguir comprometiéndome,
a ver si me mandaba la vida, en la próxima siembra, a alguien más fácil de
llevar...
-No madre –respondió Eurídice con
determinación-, lo que la vida me ha mandado ya es Orfeo y yo le agradezco
muchísimo que me lo mandara. Y me encanta que sea como es, especial, diferente.
Mientras él me quiera como demuestra quererme, yo bendeciré al amor y a
cualquier sufrimiento que pudiese venirme como contrapartida de la felicidad
que ahora me da.
-Eurídice... –finalmente, la Alta
Sacerdotisa-Ninfa se decidió a abordar de frente su preocupación principal-...
eres una Dríade de la Diosa. No te preparé para el matrimonio griego, ni para
ser una mujer común, sino para que, después de criar dos o tres hijas para
seguirle brindando nuevas sacerdotisas a Nuestra Señora y a nuestro linaje, te
consagrases enteramente a vivir como un alma, para que siguieses manteniéndote
célibe y soberana el resto de tu vida y concentrada, igual que todas nosotras,
en superar las ilusiones del mundo material y vivir sirviendo a tu comunidad,
siendo semilla y vanguardia de la Humanidad para ayudar a ascenderla a un
escalón evolutivo mayor, escalón que nuestros descendientes puedan disfrutar
formando parte de la aristocracia espiritual más pionera y conectada, y para que
la disfruten nuestros espíritus también, cuando vuelvan a reencarnar en nuestro
linaje, tal como la sabiduría de nuestras ascendientes nos enseñó a hacer…Yo no
sé si te estás dando cuenta del inmenso privilegio que significó para ti haber
nacido en una cuna y una comunidad completamente propicia para facilitarte la
realización del más alto de los destinos.
-Madre, perdón, perdóname, - musitó
Eurídice llorosa- …Si que me doy cuenta, sí que lo aprecio, pero ya estoy
viendo que no soy digna de esa consagración ni de ese alto destino… soy una
ingrata y una mujer común… No puedo pensar en otra cosa que en compartir toda
mi vida con Orfeo, disfrutando de él, fundida en él y en el placer y la dulzura
de su amor, haciéndonos los dos uno…en verdad siento que estoy totalmente,
locamente apasionada…
-Haces bien en llamarlo locura, -respondió
ella suavemente, pero con firmeza y sin tocarla- cualquier pasión es una
exageración instintiva y emocional, un delirio propio de seres primitivos, un
resto insano del insuficiente desarrollo consciencial de la Raza Raíz Anterior,
que sólo desarrolló el Cuerpo Astral…que no fue capaz, siquiera, en su mayoría,
de cultivar un mínimo de Mental Concreto, a pesar de que ya tenía que haber
llegado a alcanzar el uso de razón en la quinta de sus siete subrazas… Eurídice
querida, nosotras somos Arianas de una Cuarta Subraza ya bien avanzada, y
Arianas Lunares de la más alta clase, recuérdalo. Si no conseguimos superar las
pasiones, disciplinarnos, conseguir la impersonalidad y la neutralidad y
desarrollar el Mental Superior, acabarán haciéndolo antes (y en lugar nuestro)
nuestros primos, los patriarcalistas griegos de la Quinta Solar.
-No insistas, madre, por favor, por favor
–gimió ella con vehemente dolor-. Yo ya no me veo más pudiendo vivir sin Orfeo,
no me veo ni quiero verme. Me muero de vergüenza, mas debo reconocer que no
tengo evolución espiritual suficiente para ser una buena sacerdotisa, a pesar
de ser hija de alguien como tú… Pero ¿Sabes? estuve pensando mucho en que igualmente
podría servir a nuestra comunidad y a la Diosa casándome con un príncipe y
estimulando a la corte a promoverla y a devolverle Su antiguo prestigio y
privilegios.
- …Eso no estaría nada mal, si saliese
bien… -se resignó a responder, cambiando de tono, la Alta Sacerdotisa, al ver
claramente que no había nada más que hacer por ahora con Euridice-… No sería la
primera vez que eso sucediese en la historia de los pelasgos…y podría compensar
un poco tu renuncia al sacerdocio… pero en tu caso es una cuestión muy
problemática, mi hija, El padre de Orfeo, un rey con tendencias bien
patriarcales, y su madre, que es una sacerdotisa olímpica, te verían enseguida
como una clara rival política, como una peligrosa influencia de la tradición
matriarcal para su hijo, el príncipe heredero de Tracia. Si persistieses, te
irías a enfrentar con un gran reto.
-Si un hombre así supusiera un reto mayor
que lo común, yo confío en mí misma lo bastante como para asumirlo... Y no
necesito redoblar precauciones ni desplegar estrategias, ni forzar ningún
control para obtener ilusión de seguridad: lo que venga del amor para mí,
bienvenido sea; y lo que no venga, es que no era para mí.
-Ya veo que estás, no enredada, sino
enredadísima con ese hombre –dijo la Gran Sacerdotisa Ninfa con pena, moviendo
la cabeza–. En fin, allá tú... Pero por favor, niña, mantente prevenida y
cuenta siempre conmigo cuando necesites reflexionar acerca de vuestro proceso
y, sobre todo, acerca de tomar decisiones.
-Óyeme bien, Eurídice querida- siguió con
la mayor seriedad-: La pequeña vidita de tu personalidad no es importante, es
una ilusión pasajera y prescindible; pero tu relación con Orfeo es una relación
delicada entre el Colegio de la Diosa más antigua de este país, y el Colegio de
los nuevos dioses que nos vinieron del extranjero. Y eso sí que es importante.-
terminó, con un tono que dejó clara e incuestionable la aristocrática autoridad
de su cargo.
-Lo único que deseo es continuar amándolo
como lo amo aquí y ahora, madre, con total confianza y sin preocupaciones,
mientras sea posible. Seré cuidadosa con lo que te parece importante, puedes
estar segura, pero mantenerme demasiado prevenida sería salirme de la evidencia
que siento de que él y yo somos el mismo ser y lo seremos siempre.
4-
EL AGUA:
Mientras
la antiquísima sociedad matriarcal había vivido de una manera austera, sencilla
y familiar y comunitaria, siempre compartiendo con todos los miembros del
propio clan cuanto tenían o adquirían, aquel sistema se mostró bastante eficaz:
el individuo no significaba nada, apenas una célula de un cuerpo mayor, tal
como lo eran las abejas en relación a la colmena, y la tribu lo era todo. La
Gran Diosa Triple, por sus tres aspectos de creadora, transformadora y destructora,
doncella guerrera, matrona ninfa y anciana sabia, luna creciente, llena y
menguante, gobernaba el mundo con inteligente imaginación emocional,
distribuyendo su gran amor y protección sin reservas entre todos sus hijos. Las
relaciones entre ambos sexos eran bastante igualitarias porque las mujeres
sabían gobernar flexiblemente, contornando la más dura oposición como el agua
contorna la roca, siempre buscando un camino de menor resistencia para
deslizarse, siempre convenciendo o negociando, sin forzar imposiciones, mucho
mejor entrenadas que los varones, durante milenios de estrecha y muy política
vida comunitaria, por el juego de relación comunicativa, colaboradora y
diplomática entre ellas. Por lo contrario, los hombres salían a cazar lejos del
hogar, lo que era una actividad silenciosa y solitaria, o de grupos que tenían
que organizarse jerárquicamente de una manera más rígida y hasta autoritaria,
para poder trabajar con una estrategia unificada y precisa sobre situaciones de
urgencia y hasta de riesgo de vida. Desde muy niña, Eurídice había sido
instruida para Sacerdotisa Dríade por su propia madre, que era una Ninfa de
alto rango, una gran señora procedente de un ininterrumpido linaje de Dríades
que había gobernado Tracia muchas veces, antes del advenimiento del
patriarcado. Ella, ante todo, fue su mejor modelo vivo para desarrollarse como
futura digna hija de la Diosa, el destino que más llegó a querer tener desde
siempre. Además, su madre le fue contando, primero por medio de fábulas para críos
y después como una verdadera maestra-amiga, las historias del pasado, el
sentido de la honra, del valor y de la prudencia, las costumbres de la tribu y
las claves del natural predominio social de la mujer sobre el hombre. En la
civilización, la tierra era de las mujeres, ya que fueron ellas las que, desde
hacía milenios, se habían ido encontrando en su actividad recolectora las
plantas nutritivas, medicinales y de poder. Ellas eran quienes habían ido
aprendiendo, tras muchos experimentos traumáticos, a pulir su sensibilidad y a
fortalecer sus emociones para utilizar las sustancias mágicas adecuadamente,
con lo que conseguían entrar en la pequeña muerte del trance sin perder la
consciencia, a fin de viajar por las dimensiones ocultas de la realidad y recibir
inspiración, apoyo anímico e instrucciones prácticas para progresar,
provenientes de la variada Jerarquía de Espíritus que poblaban las múltiples
Moradas Dimensionales de la Gran Madre Misericordiosa. Las Mónadas o Espíritus
individuales que inspiraban a las almas de las sacerdotisas más devotas,
aquellas que conseguían una buena comunicación con el invisible Maestro Interno
-el masculino interno que moraba en el alma de cada una- acababan contactando,
a través de él, con los Espíritus Iniciadores, los Ancestros de la Raza y, en
su nivel superior, los Hermanos Mayores de la Humanidad, todos ellos devotos
hijos de la Madre Universal. Los Guías de la Rama Lunar, especialmente, eran
muy superiores en poder, consciencia y sabiduría a los mejores de los hombres
comunes que poblaban el mundo. A pesar de que no tenían cuerpos físicos, podía
llegar a establecerse con ellos una relación amorosa tan libre y sutil como
altamente gratificante. Los Espíritus Iniciadores habían enseñado a sus
iniciadas como invocarles a voluntad con el poder del Verbo y a través de la
música, las danzas sagradas y otras bebidas visionarias. Ésto acabó
convirtiendo a las tribus matriarcales en centros de cultivo de una alta
cultura mística y artística, lo cual “estaba como programa en vuestros
arquetipos, desde que la Raza Ariana fue fundada a las orillas del remoto mar
de Gobi”, decían misteriosamente los Guías. Aunque ninguna de ellas se pudiese
imaginar donde quedaría aquel mar, las abuelas de los clanes suponían que
debería ser en Asia, de donde habían venido sus ancestros. “..Seguramente,
mucho más al oriente que el Cáucaso”, apuntaban, recordando antiguas sagas
narradas junto al fuego. Para las jóvenes, el Cáucaso era sólo una referencia
medio mítica, el extremo del mundo donde nacía el sol, así que el mar de Gobi
debería estar envuelto por las tinieblas de la noche…o tal vez por las de los
Infiernos, el útero planetario a donde La Gran Diosa Madre se llevaba a los
muertos para gestarlos y amanecerlos de nuevo. “Cada Raza de Consciencia
Evolutiva, o Raza Raíz, evoluciona, a su vez, a lo largo de siete Subrazas,
que, a veces, coinciden en el tiempo” –habían contado los Espíritus
Iniciadores, a través de visiones, durante los trances más profundos y
reveladores- “…vosotras, descendientes de los caucasianos del sur, estais
desarrollando la Cuarta Subraza, que tiene carácter femenino. Los descendientes
de los caucasianos del norte, ya están desarrollando, a su vez, el carácter
masculino de la Quinta Subraza Aria”. “De inicio, norte solar y sur lunar
chocarán, como ya han chocado los griegos con los pelasgos, pero después
encontrarán su complementaridad en sus descendientes comunes. La Sexta Subraza
será una bella síntesis de esas dos polaridades de almas, y la Séptima, más
allá de cualquier polaridad, reencontrará la Unidad identificándose, ya no con
sus almas, sino con la Mónada, con el Espíritu Divino que anima, instruye y
encamina a las almas”. Al parecer, después de desarrollar hasta su auge su
Séptima Subraza culminaría el ciclo de la Raza Raiz Ariana y entraría en
decadencia hasta su desaparición o mezcla con aquello que vendría después, ya
que, para entonces, una nueva Raza de Consciencia Evolutiva ya estaría
cultivando las primeras de sus siete Subrazas, y así es como se despliegan las
potencialidades del Ser eternamente, tanto en éste como en nuevos planetas o
planos dimensionales. Aquella comunicación interior con las entidades o
identidades complementarias más profundas y elevadas de sí mismas en la Unidad
del Ser, había hecho convertirse a las matriarcas más conectadas y sabias,
además, en descubridoras, mantenedoras y administradoras de la agricultura, de
la medicina, la higiene, la organización y el gobierno de la comunidad. Por eso
era herencia femenina la tierra cultivable; decía la madre de Eurídice:
"la tierra es de quien la trabaja". Las mujeres comunes de aldeas y
pueblos la hacían producir, distribuyendo los trabajos individuales y pactando
los colectivos, ya que sus actividades eran sedentarias y las de los hombres
nómadas. La sucesión era matrilineal, los hijos eran propiedad y mano de obra
al servicio de la madre, que se pasaba veinte años de su vida engravidada,
pariendo, amamantándolos o cuidándolos y que era, naturalmente, la única
transmisora del nombre y el linaje, ya que siempre se sabía quién era la Madre,
palabra sagrada, pero uno podía ser hijo de cualquier padre, palabra profana y
poco significante. Cuando los hijos varones llegaban a la adolescencia eran
apartados de sus madres, se les hacía personas concediéndoles un nombre propio
y comenzaban a ser iniciados por los veteranos a la vida de cazadores, pastores
y guerreros. Desde temprana edad, los jóvenes vivían en la amplia casa-cuartel
de los hombres, que guardaba el principal acceso al poblado, y se encargaban de
la caza, pesca, pastoreo y defensa del ganado y del territorio, así como de
estimular, con su fuego sensual, la facultad de crear vida y civilización que
residía en lo femenino, el género superior del que los hombres procedían y al
que tendían siempre a regresar. En cualquier choza a la que contribuía con su
trabajo de defensa y caza, un hombre podía pedir abiertamente y sin reparos la
hospitalidad femenina, que implicaba alimento, bebida, descanso y también sexo,
si alguna mujer de la casa estaba dispuesta a responder al galanteo, ya que aún
no existía la monogamia. Y si respondía que no estaba dispuesta, se respetaba
con la mayor consideración y sin insistir su derecho y privilegio de decidir y
escoger libremente sus preferencias. El hombre que, a su vez, prefería la
seguridad de disponer de una casa estable que le proveyera de sexo frecuente y
de alimentos vegetales bien cocinados que dieran sabor a sus viandas de carne,
tenía que mudarse a la tierra y a la choza dirigida por una mujer común que lo
aceptase y luego, contribuir con su trabajo y su defensa a la alimentación y
cuidado de los padres de su señora y de sus hijos (aunque le fuese imposible
reconocer si eran también los suyos). Si había un exceso de mujeres en la casa
se practicaba la poligamia, generalmente sólo entre las hermanas, para no tener
que mantener más que a una pareja de suegros. La autoridad de la suegra era tan
grande y temible que el yerno ni la podía mirar directamente a los ojos.
También existió la poliandria las pocas veces que sobraban los varones, quienes
no duraban mucho vivos, por causa de la vida riesgosa y dura que llevaban. De
cualquier modo, las mujeres, cuidando siempre de mantenerse soberanas e
independientes, podían tener todos los amantes que quisieran o pudiesen. “Y esa
es la fuerza que tiene la mujer sobre el hombre”, concluía la madre de
Eurídice, poniendo sobre su vientre una mano, en la cual había formado un
círculo con el pulgar y el índice. La libre promiscuidad era corriente entre
los jóvenes de ambos sexos sin hijos y entre todos los miembros de la tribu, en
general, durante las orgías rituales que se celebraban en las noches de luna
llena, estimuladora de los instintos animales. Para evitar la consanguinidad,
la comunidad se dividía en varios clanes, que se distinguían con nombres de
animales. Había un tabú de incesto que impedía escoger pareja dentro del propio
clan. Una mujer-centauro no podía tener relaciones con un hombre de su mismo
Clan del Caballo, que se consideraba como su hermano. Tenía que buscarlas entre
los hombres-cabra, los hombres-árbol o los hombres-pez, por ejemplo. Las
sacerdotisas sabían que vivían en el seno generoso de la Gran Madre Nutricia, y
que Ella cuidaba siempre de que en la tierra hubiese abundancia sobrada para
todos. Existía un cierto comunismo distribuidor de bienes y servicios entre
toda la comunidad. Como los numerosos miembros de cada clan eran familia, todos
trataban de complacer y apoyar a todos, porque todos trabajaban y repartían
entre todos. Por causa de eso, no se veían grandes diferencias entre los bienes
con los que contaba cada vecino. Entre los antiguos caucasianos, cuando un
miembro de la comunidad ya no podía valerse mínimamente por sí solo, se
retiraba a dejarse morir en la montaña o sus mismos hijos lo envolvían y lo arrojaban
a un precipicio. Ya con muchos más siglos de civilización matriarcal, las
costumbres habían mejorado y el anciano o impedido podía, simplemente, pedir a
las sacerdotisas que le aliviaran de la vida con una pócima indolora para no
ser una carga, lo cual era muy aplaudido, ya que regresaba al Seno de la Gran
Madre para recibir de ella nuevo nacimiento en un cuerpo joven, en lugar de
tener que seguir soportando el ya inservible. Cuando la tribu crecía demasiado,
se escindía, igual que las abejas, y un grupo compuesto por gentes de dos
clanes diferentes, dirigido por una joven Madre, iba a poblar un nuevo
territorio. Eso ya había sucedido muchísimas veces, y la semilla de la Raza
Ariana se había ido desplazando por la ancha Asia, a cada nueva Subraza, desde
el Extremo Oriente hasta el extremo Occidente, donde Europa comenzaba.
……………………………………………………………………………
Los
mitos más arcaicos que contaban las tatarabuelas de los clanes decían que la
Primera Subraza Aria establecida en el nebuloso Mar de Gobi acabó conquistado
la India desde allí. La Segunda Subraza regresó a Arabia y luego conquistó el
país fértil que había entre el Tigris y el Éufrates; la Tercera creó el Imperio
Iranio en Persia, la Cuarta y Quinta conquistaron el Sur y del Norte del
Cáucaso. La llamada Quinta Subraza Solar, los antepasados de los griegos, se
estableció al norte de la nevada cordillera, en las frías estepas que se
extendían entre el Mar Negro y el Caspio, vecinos de los nómadas escitas, tan
ganaderos y patriarcalistas como ellos. …Mientras que la Cuarta Subraza Lunar,
los antepasados de los pelasgos, lo hicieron al sur de ella, en las húmedas
tierras de Colchis, también llamada la Cólquide, bien propicia para la
agricultura, separada por pantanos del Mar Negro y, más hacia el interior, la
Iberia Asiática que mucho después se llamó Georgia, por causa del tótem que les
distinguía, el lobo, “gorg”, el que aúlla a la luna.
…Los matriarcales sureños, adoradores del lobo
y de la Gran Madre Lunar se habían extendido después hacia el sur, por Armenia
y el Kurdistán y hacia el oeste, a través de la quebrada Anatolia. Habiendo
llegado un día sus exploradores a avistar el Tálaso o Mediterráneo desde las
últimas cumbres occidentales del Asia Menor, sintieron total fascinio por la
belleza de aquel Gran Verde en sus sensibles almas de estetas y poco después
bajaron a poblar pacíficamente los bellos litorales e islas de la margen
nororiental del gran mar interior. Estaban tan felices como si hubiesen llegado
al nuevo paraíso marítimo, prometido por sus ancestros de las primeras Subrazas
Arianas del llamado Mar de Gobi, que nadie recordaba más, de quienes los Guías
Iniciadores decían que vivían frente a una isla que se consideraba sagrada,
desde que habían bajado a la Tierra en ella los civilizadores Señores de Venus…
Claro que aquellos lugares y orígenes celestes parecían ahora tan remotos e
increíbles, que las jóvenes generaciones los consideraban puros mitos
inventados por sus abuelos para dar importancia a su sencillo linaje de
pastores nómadas… Quien sabe cómo habría sido contada la primera historia y en
lo que se habría convertido después de milenios pasando de boca en boca. Los
nuevos mitos que se encontraron los caucasianos lunares al comenzar su contacto
con los pueblos ribereños del Tálaso también narraban que, durante la Era que
había precedido a de las emigraciones arias, se habían desarrollado en todos
los litorales del Mediterráneo o Gran Verde (que entonces eran muchísimo más
extensos porque se extendían alrededor del Mar del Sahara), unas gentes
sociables y sabias que pertenecían a la Sexta Subraza de la Raza Raiz anterior,
lo que daba para entender que se trataba de espíritus relativamente muy
evolucionados. Esta Sexta Subraza anterior estaba dividida en muchas tribus y
naciones diferentes, audaces navegantes y colonizadores, que se habían salvado,
al parecer, de una Gran Inundación del pasado. En su conjunto, eran conocidos
como Acadianos. Los Acadianos tenían fama de ser gente de palabra, comerciaban
con Egipto, Creta, Frigia y Canaán, eran capaces de navegar hasta la Liguria y
el Gran Océano Occidental, y hasta presumían de haber conquistado, en un remoto
pasado, una gran isla que existió en su centro, habitada por una espléndida
civilización imperial de semidioses. Por su parte, los sureños lunares de la
Cuarta Subraza Aria recién llegados junto a ellos eran tan bellos y artistas,
sus mujeres tan sabiamente seductoras, sus músicas y danzas tan atrayentes, que
en toda parte donde se presentaron fueron, en general, muy bien recibidos por los
nativos acadianos, quienes llegaron a ser sus maestros en las artes de la pesca
y de la navegación, después de que se fundieron fácilmente en amor y armonía
con las hijas e hijos de aquellos experimentados marinos. Tras su mezcla, tanto
los acadianos como los caucasianos de litoral acabaron siendo conocidos en
conjunto como “los Pelasgos”, o habitantes del Piélago, otro nombre para el
mar; aunque dicen ciertos doctos que pelasgos significa, simplemente, “los
Antiguos”. De esta forma, pues, había ido transcurriendo la Era de Aries, la
del impulso inicial de la Raza Aria o Ariana por crecer, sentar un modelo
evolutivo nuevo y expandirse por el mundo. Entre las distintas sociedades
independientes, ya reinos o repúblicas, que conformaban la Pelasgia en todas las
orillas de la porción del ancho brazo del Mediterráneo Oriental que después se
llamaría Mar Egeo, el estado y cultura de mayor hegemonía era sin discusión,
desde unos siete mil años antes, la desarrollada talasocracia matriarcal de la
isla de Creta.
Después
de que los arios lunares se mezclaron con los acadianos y sus descendientes se
hicieron pelasgos, sus divinidades principales eran La Gran Diosa caucasiana de
siempre, ahora Diosa del Mar, llamada Pontia o Agua, y su hijo Dionisio-Zagreo,
al que se representaba bajo la forma de un toro vivo o de un Becerro de Oro,
ultrapasado tótem de la era astrológica anterior. El hijo varón de la Diosa, el
toro sagrado, encarnado en el rey-sacerdote Minos, que se unía a la
reina-ninfa, al igual que los hijos varones recién nacidos de las ninfas y
sacerdotisas de su culto, continuaban siendo sacrificados y despedazados cada
año, como se sacrifican en las colmenas los zánganos tras el apareamiento, lo
que aseguraba el predominio femenino como sexo superior, imprescindible para la
vida: parte de la carne era devorada por las oficiantes del rito, reproduciendo
antiquísimas costumbres tribales antropófagas y otra parte se colocaba en los
surcos del arado, para asegurar una buena cosecha a toda la comunidad. Tras una
larga evolución, a la élite de la opulenta sociedad cretense, ya arianizada, le
fue pareciendo ruda y antiestética la antropofagia y también encontraba cada
vez más doloroso el tener que mandar al sacrificio a sus propios hijos; de
manera que empezaron a exigir a aquellos pueblos pelasgos que estaban bajo su
dominio, un tributo anual de jóvenes para la Diosa: así es como surgió la
leyenda de las víctimas que devoraba el Minotauro en el Laberinto.
Minotauro que representaba el poder de la
Cuarta Subraza matriarcal, finalmente vencido por el héroe griego Teseo,
representante de la Quinta patriarcal.
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